domingo, 12 de junho de 2016

O meu amor.

Sabe o que me deixa bem chateada quando paro pra pensar em relacionamento? Primeiro eu penso no quanto me acho inexperiente neste assunto; Segundo, penso no quanto os caras são interesseiros; Terceiro, há um processo longo e massante até confiar em alguém de verdade. Só de estar escrevendo isso eu me desanimo, mas por que desanimar? Sou tão jovem né... exatamente, sou jovem, sou negra, sou universitária, sou mulher, ok muitas também são, mas eu aprendi a ser seletiva (no momento acredito que ainda não seja o suficiente) e isso pode ser bom, mas pode ser ruim também, ruim pois de tanto escolher e enxergar os defeitos eu acabo me apegando às imperfeições, e que relacionamento vive apenas pelas imperfeições?! E até quando começamos a conversar com alguém que seja você em outro corpo, que tenha até as manias super parecidas, temos sim aquele pé atrás, (no meu caso até dois) talvez seja reflexo de feridas passadas, e é então que o grande medo de confiar de novo acorda.
Outro dia refleti sobre solidão da mulher negra e tudo mais, até hoje eu reflito sobre isso, frequentemente aparecem textos sobre o assunto no feed do Facebook, e na maioria das vezes eu paro pra ler, e penso que sou "privilegiada" em alguns aspectos, a famosa negra de pele clara, dos cachos definidos, magra... Eu não me sinto assim, cheia de privilégios como as pessoas dizem, às vezes nem me acho negra por isso, mas eu sou, e sei que sou porque quando eu ia pro cursinho e entrava no circular da USP muita gente olhava pra mim, muitas vezes eu era a única negra dentro do ônibus mas nem assim eu me sentia mal, sei porque quando eu estou na rua e minha autoestima está ótima as pessoas me olham de uma forma diferente como se eu estivesse fazendo algo errado, também sei porque há apenas 8 meses eu quis assumir o volume do meu cabelo (nunca alisei) e passei por transição sem saber o que era transição, e passo muito do que eu aprendi pra minha mãe sobre a nossa identidade, aceitar a realidade feminina de hoje. Chegando finalmente ao ponto em que eu queria, é nítido que muitos homens negros hoje só querem saber e assumir as minas depois dela ter feito o BC, depois de assumir o black gigantesco, escondendo a transição dentro das tranças que batem na bunda, que usam e esbanjam roupas de marca e todo o tombamento, mas quando a mina negra se sente sozinha durante essa transição, -que seja de cabelo ou até mesmo de conhecer a sua identidade- no momento frágil, nenhum negro avançado vai estar lá para poder confortá-la, é apenas no momento que o convém que ele aparece, e isso pra mim só mostra falta de maturidade. Por isso que o título do texto é "O meu amor" , porque o meu amor é me aceitar negra, aceitar o volume do meu cabelo, aceitar que nem sempre as coisas serão do jeito que eu penso, é aceitar a vida, me aceitando e me amando eu atraio coisas boas e pessoas ótimas pra perto de mim, pois atraímos aquilo que transmitimos, e com certeza se aceitar é o primeiro passo!

2 comentários: